quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Por terras de Sanabria....


05:00 da manhã de Sábado, 10 de Outubro.09. (que para mim passou a ser uma data histórica...) encotro-me com o Armando na Boavista. 10 Minutos depois chegam o Amorim, o Toni e o Martins. Partiamos em direcção a Bragança para nos encontarmos com o Filipe e daí seguirmos viagem em direcção ao Lago de Sanábria. A zona da fronteira por onde passamos foi intencionalmente escolhida pelo Amorim, por Rio de Honor! Com um atraso de cerca de 1 hora, não houve tempo para visitar a vila, mas ficou aguçada a curiosidade, e portanto a promessa de lá ir com mais calma mais tarde.

Finalmente chegamos a San Martin de Castañeda, mais concretamente ao Centro de Interpretación da Casa del Parque del Lago Sanabria. Aí tentamos definir desde logo o local onde iriamos ficar a dormir, mas como era feriado em espanha na segunda feira, muitos espanhóis estavam lá por esses dias a fazer "senderismo" de maneira que não haviam alojamentos e além disso é proibido acampar dentro do parque. Decidimos deixar esse problema em aberto, e preocupamo-nos em definir exactamente qual o caminho que iríamos percorrer. Numa corrida contra o tempo, pois o percurso estava marcado com uma duração média de 6h a 8h e eram já 13h00, começava a ficar apertado... O percurso que escolhemos foi um percurso circular de 16km entre, S. Martín de Castañeda, Cañón del Tera, Ribadelago e S. Martín de Castañeda. Quanto à dormida... logo se veria... Começamos a avançar... ( e olhando agora para trás, percebo que os deuses das montanhas "Sanabresas" estiveram connosco todo o fim de semana... julgo até que bebericaram connosco um copito de vinho nessa noite na varanda do Refúgio...). Pois, não é que ainda na parte inicial do percurso, nos cruzamos com um montanheiro que prontamente se disponibilizou a mostrar-nos um caminho mais rápido de acesso ao ponto mais alto daquele percurso... curiosamente esse simpático amigo era um dos responsáveis pelo refúgio de montanha. O Amorim, como "chefe e coordenador da expedição" imediatamente tratou de perceber se nessa noite haveria um cantinho no abrigo para o nosso grupo... Claro que havia! Ficamos então de regressar à noite, com a promessa de que teríamos à nossa espera um colchão e um Vinho de Navarra que eu e o Toni ainda arriscamos provar antes de retormarmos o caminho!

A partir daí, eu arrisco-me a dizer que a cada curva do caminho novas surpresas nos apareciam sob a forma de paisagens fantásticas, abismos, escarpas, lagos, ribeiros, cascatas, iam aparecendo ao longo do caminho numa cadencia que quase não dava tempo para apreciarmos devidamente pois ainda tinhamos muito caminho a percorrer... foi assim até chegarmos ao nosso destino, S. Martín de Castañeda. Deviam ser umas 7h da noite quando chegamos, o que, considerando as 1001 paragens do Amorim e do Toni para registarem fotograficamente todos os locais e paisagens que passamos, e mais cerca de uma hora que paramos para comer qualquer coisita... foi um tempo razoável!

Confesso que é nestes momentos que damos valor ao mínimo conforto... chegar ao abrigo, e tomar um banho num chuveiro comunitário (de água gelada!!) soube-me tão bem como qualquer banho quente numa banheira de hidromassagem num hotel de 5 estrelas qualquer!

O Filipe tinha-nos prometido levar a um restaurante que conhecia, onde se comiam uns fabulosos "Chuletones" de 950g cada... mas ao sair, o guarda do Abrigo lembrou-nos que o Abrigo tinha uma avença com o dito resturante, e que por metade do preço podiamos comer e beber qualquer coisa! Foi o que fizemos! E fizemos bem! ehhe!

Bom, no dia seguinte, como bons domingueiros Portugueses, esquecemos o montanhismo, guardamos a navalhas e as botas, e vestimos a roupita de ir à missa rumamos por volta das 11h a Puebla de Sanabria. Uma vez mais, o Filipe, cicerone oficial da visita pois já é normal ir para aquelas bandas, tinha já encomendado um galo com um preparo especial, muito conhecido e apreciado... Uma delícia!

Chegamos ao Porto pelas 5h de Domingo.


Puebla de Sanabria (em português Póvoa de Seabra) é um município raiano da Espanha na província de Zamora, comunidade autónoma de Castela e Leão. A sua ligação mais directa a Portugal faz-se pela estrada que vai até à fronteira do Portelo, junto à Serra de Montesinho.

As terras de Seabra, pela sua riqueza paisagística e a nível da flora e fauna, está classificada como Parque Natural. Uma das jóias deste Parque é o Lago da Sanábria, inserido no vale do Rio Tera, que pelo seu percurso conhece várias barragens, desde a sua nascente na Serra de Pena Trevinca próxima ao lago, elevação que atinge os 2124 metros de altitude. Não muito distante, na também próxima Serra Segundera, nasce o rio Tuela, um dos rios que formam o rio Tua.

Em 1959, fortes chuvas e temperaturas extremas (-18 ºC)abateram-se sobre a Serra de Pena Trevinca. Estas condições, aliadas à muita água acumulada na albufeira da barragem, levaram a que uma brecha de 70 metros de comprimento e 30 de altura, deixando que uma torrente de 8 mil milhões de litros de água se abatessem pelo desfiladeiro do rio Tera. Os oito quilómetros do desfiladeiro foram ultrapassados pela água, lama, rochas e árvores da torrente em 20 minutos. Pelo caminho, a aldeia de Ribadelago foi apanhada desprevenida, resultando da imensa torrente a destruição de 145 das 170 habitações que existiam, e a morte de 144 habitantes que não conseguiram refugiar-se em pontos altos. A corrente chegou a atingir nove metros de altura.